Tempó

Ando sendo regida pelas horas. Elas tecem minhas roupas com fios de segundos, 600 segundos e estou totalmente vestida, sem direito a cores.
 São elas, malvadas travestidas em numeros que regem, sem pudor, o meu amor. E as minhas perguntas andam tão abreviadas, os eus te amo sublimados na fumaça dos onibus. O tempo faz amor com minhas esperas, deleitam-se no meu olhar, cama tão acostumada com a pressa. São só alguns segundos o orgasmo.
Não fossem os engarrafamentos seria eu engarrafada, liquido habilidosamente preparado pela maquiagem compacta, pronto para ser consumido. A pressa me mostrou que os atrasos dão oportunidade aos acasos. É que o tempo ta revendo meus conceitos com autoridade e ando fria como um relogio, tudo passa e eu perco o onibus enquanto observo atonita quanta perca de tempo há na pontualidade.

Um comentário:

Márcia Maracajá disse...

Cláudia!
Que lindo... Um olhar feminino inquietado. Isso é bom, muito bom.
Posso postar esse texto no meu Blog? Fazendo-lhe as devidas referências,claro.
Um abraço forte!
Que o tempo flua por aí, como esta sua poesia.