Tempó

Ando sendo regida pelas horas. Elas tecem minhas roupas com fios de segundos, 600 segundos e estou totalmente vestida, sem direito a cores.
 São elas, malvadas travestidas em numeros que regem, sem pudor, o meu amor. E as minhas perguntas andam tão abreviadas, os eus te amo sublimados na fumaça dos onibus. O tempo faz amor com minhas esperas, deleitam-se no meu olhar, cama tão acostumada com a pressa. São só alguns segundos o orgasmo.
Não fossem os engarrafamentos seria eu engarrafada, liquido habilidosamente preparado pela maquiagem compacta, pronto para ser consumido. A pressa me mostrou que os atrasos dão oportunidade aos acasos. É que o tempo ta revendo meus conceitos com autoridade e ando fria como um relogio, tudo passa e eu perco o onibus enquanto observo atonita quanta perca de tempo há na pontualidade.

Escute com os olhos.

Deita no mar de lágrimas escondidas
que tua sede te tira a vida sem que percebas a chuva
que lava teu umbigo surdo enquanto pões a culpa na reação que não se
desculpa, se safa e mata sem vontade - instinto não se justifica;  respeita.
Era pra ser como esperavam mas eles não querem ver, não querem saber...
Deita no mar. Eles correm contra o tempo e escondem suas lagrimas
porque respeitam paradigmas, a música que toca, toca nessas lagrimas e a culpa nunca toca. Diz, culpa!
Sussura nesses ouvidos cegos
... que o cansaço vem de não dizer o que se quer....

Querer é poder não ter

Gosto do gosto saindo da tua boca, da tua escrita, do teu desejo incorrespondido.
Gosto de não gostar, de ter que evitar me apaixonar
gosto da divida eterna e a falta de vontade de pagar
o meu corpo vira fogo quando encosto sem perceber e eu gosto de ter que não gostar de você.
Gosto de fingir que não quero te ver e ver que teus olhos denunciam teu mais novo querer
meu ego flutua nas tuas correspondencias e eu me faço de dura porque só posso ter ausencia.
Eu peço que pare e você não decifra.
Mas sei do teu eu maturo brigando para aparecer, e te acho tão sábio quando evitas...
Eu só posso concordar com você  mas não deixarei tua doçura me socorrer.
Morrerei levianamente dura, extasiada de um clandestino prazer.