Ilusões

Invento a flor e mais que a flor, o orvalho
que a torna testemunha desta aurora;
invento o espelho e mais que o espelho, o amor
onde me vejo vivo num sarcófago.
E a vida, esse galpão de sortilégios,
deixe que a invente com palavras que são dragões
vencidos pelas mágica...
E não me espanta que eu, sendo mortal,
sujeito à injúria de tornar-me pó,
crie uma rosa eterna como as rosas
inexistentes nesta flora efémera.
Sonho de um sonho. A vida ao vento escoa-se
em vãs lembranças, a minha rosa morre
por ser eterna, sendo o mundo vão.


(Lêdo Ivo)

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